sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar, subentendido
Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer

É. Sabe quando você acha que vale a pena investir e que vai dar certo, daí você percebe que tudo não passa de ilusão de óptica e muda toda sua forma de ver as coisas, e então chega alguém, completamente avulso do assunto, e te fala: Eu acho que é. Arrisca que vai dar certo. Sabe? E aí um pontinho de esperança brota completamente do nada e você fica naquele "Será que é?" "Mas e se não for?" "Será que eu devo ir?" "Acho melhor não." "Mas se eu for pode dar certo", e tudo mais relacionado. E aí, como antes, você passa a ver sinais onde você nem sabe se existem, mas você quer que eles estejam ali. Então você se próprio sabota e os encontra. Mas dessa vez é diferente, alguém viu também. Mas você não consegue acreditar que outra pessoa tenha visto de verdade. Porque se tivesse você veria, não é mesmo? E você não vê mais nada. Talvez porque nunca tenha existido nada, talvez porque você teve medo e preferiu fechar os olhos, talvez porque você desistiu de procurar os sinais que você queria que existissem mas não sabia se eram de verdade ou fruto da imaginação. Aí chega aquela pessoa, que de nada sabia e diz: "Vai lá, eu vi também". Mas agora você não sabe mais o que fazer. Você quer os sinais mais claros, tudo mais óbvio. Mas se fosse mais óbvio perderia todo o encanto. Porque o encanto é esse, você não saber se os sinais existem ou se você apenas imagina. E vamos combinar que tudo fica mais doce quando é fruto da imaginação. Daí você não sabe mais se quer que seja real ou não. Então você deixa tudo assim, subentendido. E o que tiver de ser será. Mas que seja logo, ou que não seja mais. E no fundo você espera que seja, até que seja só por uns instantes, só pra você ter certeza que estava ali, o tempo todo. Só para experimentar e ver se o plano real é melhor que o da imaginação. Ou então só porque, simplesmente, é o que você quer, o que você espera, o que sempre quis e nunca contou pra ninguém. Enfim, você só quer que seja. Ver como vai ser, sabe? Mas e se não for como você esperava? E se nem tudo acabar bem? E se for como você esperava? E se for melhor? E se, e se, e se? Talvez. E tudo gira nisso, e nada gira, nada acontece ou desacontece, porque tudo fica na mesma sempre. E eu já nem sei mas o que quero, e se quero. Eu quero, sempre quis. Talvez nunca tenha querido de verdade. Não sei mais. Na verdade eu quero, eu só não sei quando. Agora eu quero, agora não quero mais. Mas eu quero sempre. E não quero nunca. Nem sei mais o que quero, mas eu quero. Ou não quero. É, eu quero. Só não sei como quero. Quero uma bola de cristal, pra ver como tudo ficaria depois. Eu já quis mais do que quero hoje, mas parte de mim ainda quer. Acho que quer. Não sei. E nem sei como, quando e muito menos o porque de querer ou de não querer. Acho que não quero, acho que não querem, acho que não devo querer. Ou devo. Mas não sei mais se quero. Deixa estar... Mas, independente de eu querer ou não, uma dúvida fica no ar: Será que ele quer também? Será que já quis? Será que um dia irá querer querer? E aí eu paro e penso que não poderia estar melhor, desse nosso jeito torto, subentendido, desse jeito não sei se vou não sei se fico... E se passar do plano paralelo para o real talvez perca um pouco da graça. Então o talvez paira no ar, deixando sempre um gostinho de "e se", e é esse gostinho que deixa tudo em paz.

Eu acho tão bonito isso
De ser abstrato baby...
A beleza é mesmo tão fugaz.
É uma idéia que existe na cabeça.
E não tem a menor pretensão de acontecer


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