sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Palavras antigas, nunca faladas.

"As minhas verdades me bastam,

mesmo sendo mentiras"

Elas me bastavam, hoje não mais. Eu sinto que me falta algo, talvez eu sinta isso por ter sentido demais, me exposto verdadeiramente além do que podia – e pretendia. Você ainda me dói ás vezes, mas nem sempre é uma dor ruim, me faz lembrar que estou viva, que sou viva, que não sou de pedra. Você me dizia que eu era fria, que e não sentia nada por ninguém e que também não merecia que me sentissem algo. Eu nunca senti nada por ninguém mesmo, sim eu assumo. Nunca senti nada tão forte, ou senti até – mas nunca me tocou onde você conseguiu tocar. Sempre foi tão simples me expor pra você, me mostrar. Apeguei-me a você não por você, mas por mim, eu nunca tinha sido tão “eu” a não ser do teu lado, então eu acho que me apeguei a mim própria. Você? Apeguei-me também, principalmente por você me fazer ser algo que eu não sou – ou sou e minto que não sou, e isso se fazia verdade de forma tão perfeita que nem eu imaginava ser mentira. Eu te amei. Amo-te até agora, pois se não amasse não doíam tuas ausências. E como elas me doem, é você me dói muito. Mas eu te amo, não sei como ou quando isso aconteceu, mas foi tão verdadeiro. Nunca senti algo do tipo. Já senti tesão, já até o confundi com paixão – talvez fosse, passou. Mas amor? Até hoje não sei se é amor, mas eu te amo. Gosto de dizer que te amo, sismo em dizer que te gosto. Tenho medo. Ou tinha. Até que me entreguei, lhe dei meu coração para tomares conta, e você não tomou. Depositei em ti confiança demais, pela primeira vez na vida fui ingênua demais. Não gosto de ser assim, nunca gostei das pessoas que eram: idiotas apaixonados e iludidos – pensava assim, até que me tornei uma das iludidas idiotas. Hoje não os acho tão idiotas assim. Foi tão bom quando achava que me amava da mesma forma que lhe amava, quando me pegava nos braços e me olhava nos olhos. Juro que não achava ser sério quando cismava em me dizer: somente amigos. E quando achava me doía tanto, que eu escondia, fingia nunca ter ouvido. Tudo se encaminhou bem, nós dançamos juntos, ficamos juntos, até mesmo voltamos a ser crianças juntos. Mas eu? Ah, eu fui criança demais achando que tudo daria certo e que ficaríamos juntos, independente do mundo. Aí ela apareceu, e rapidamente tudo mudou entre nós, tão rápido que até me assustei.. Linda, loira e dona do seu coração. Eu fui assim um dia, talvez isso seja o que me doa mais. Um dia você me amou com todo seu coração, e eu fugi. Eu tinha medo, nunca fui de entregar-me assim completamente. Eu sempre gostei tanto, tanto de você e tinha medo de que esse gostar ultrapasse meus limites e virasse amor – assim como virou. Tinha medo de me machucar, de você não me amar. Mas você me amava, e como me amava. Eu fui tola, covarde até. Quem nunca se assustou com um sentimento tão grande não me atire a primeira pedra, pois eu afirmo que nunca sentiu algo do tipo tão verdadeiramente. Cazuza diz em uma de suas músicas* que toda dor no fundo esconde uma pontinha de prazer, ele sim deve ter sentido algo comparado a isso que se passa em meu coração. O importante agora é que não sei o que faço com isso que estou sentindo, e digo ‘isso’ porque não faço idéia de como titular isso tudo. Será que acaba? Não sei. Mas “pra sempre” não deve ser, e convenhamos que já sejamos bem crescidinhos para ficar usando sempre e nunca por aí. Apesar de que, como disse, com ele voltei a ser criança. No fim das contas é bom se sentir assim, mesmo doendo, mesmo angustiando, mesmo rindo ou chorando – e eu não chorei. Certos momentos isso me assusta um pouco ainda, todos choram e eu não chorei. – é bom sentir isso tudo, o começo, o meio e quem sabe até mesmo o fim. Será que “o fim” chega? Será que o sentimos?

*música: minha flor, meu bebe – Cazuza.

“Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem

não resolvido, bom isso. E idiota. E inútil.”

Um comentário:

  1. você escreve muito bem, muito bem mesmo!

    "nunca gostei das pessoas que eram: idiotas apaixonados e iludidos – pensava assim" É eu também pensava assim, aliás, me identifiquei bastante com algumas partes, hoje em dia posso dizer que superei, mas sempre tem aquelas noites em que eu penso "poderia ter sido diferente se...?" e muitos "ses" aparecem =P

    Espero que o tempo não demore para curar "isso" em você... As vezes parece não ter fim, mas tenho certeza que terá, muita força para você!

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